Título original: 10 words to retire in 2017
Por: Susan Cox
Disponível em: http://bit.ly/2k82fEk
Tradução livre: Laryssa Azevedo
Como incluir
menstruantes de todos os gêneros em nossas campanhas de saúde pública sobre
menstruação!
É um novo ano e um assustador novo mundo. Nós tivemos que
criar novas palavras em 2016 para descrever post-truth*, alt-right*, horrores
do Brexit. E mesmo que tenhamos tentado atingir wokeness*, as coisas ainda
foram pra o inferno.
Enquanto a conversação coletiva continua em 2017, ainda
existem algumas velhas palavras e frases comumente usadas por progressistas
que, a essa altura, estão causando mais mal do que bem. Aqui estão os 10
piores:
10) Full stop (ponto final): Isso é usado para
preventivamente mandar as pessoas “calarem a boca” e basicamente significa, “Eu
não consigo defender minha posição, então é melhor você não me perguntar mais
nada sobre isso!”
Trabalho sexual não é
universalmente explorador. Ponto final.
Eu realmente não dou a
mínima de não ter ~humor barato~ envolvido. Um cara cis interpretando uma
mulher trans é inerentemente violento. Ponto final.
LEGALIZE O TRABALHO
SEXUAL. AGORA. FAÇA ISSO. PONTO FINAL.
9) Policing (patrulhando): Taaaantos novos tipos de
“patrulha” foram inventados em anos recentes: “Patrulha da identidade”,
“patrulha do corpo,” “patrulha do tom”... Esse uso da palavra coloca pessoas normais
que criticam, analisam, ou “julgam” fenômenos sociais ou sistemas de poder
(como feministas) em par com uma classe fortemente armada de soldados
domésticos com o dever de manter a sociedade em ordem. Que sutil.
@gpdlondon @RealLucasNeff @caitlinstasey Vocês são novos nesse debate. Eduquem-se ou
façam perguntas antes de falar besteira.
@MeghanEMurphy @RealLucasNeff @caitlinstasey e onde alguém pode obter um diploma em
patrulhar as escolhas das trabalhadoras sexuais?
@sunshinessp411 @Dream_Brother_ @MeghanEMurphy Sou ateísta.
@JeanHatchet @Dream_Brother_ @MeghanEMurphy mulheres
patrulhando corpos de outras mulheres não são #feministas
@FAIR4CA Você está na
pornografia? Ou você apenas gosta de patrulhar moralmente outros corpos?
Trabalho Sexual é discriminado na sociedade por causa de grupos como o seu
Não há nada de errado
com fazer ou gostar de pornô com estupro. Parem de patrulhar a arte e parem de
patrulhar nossos PENSAMENTOS #Kink #Fetiche
8) This (Isso): “Tão isso.” Sem ressentimentos, isso só realmente não adiciona nada na conversa...
7) Menstruators (Menstruantes): Essa palavra me lembra
daquela ideia geral da ficção científica de que, no futuro, nós veremos que a
linguagem cotidiana foi substituída por termos técnicos higienizados que
parecem brutalmente utilitários. Como a “solução de cafeína” em Admirável Mundo Novo de Huxley que substituía chá e café. Ou a
desumana “ectogênese” que substituía o papel das mulheres na reprodução.
Em Sci-Fi, pessoas do futuro estão propensas a ter coisas
como “tubos de indução de nutrientes” ao invés de comida ou “válvulas de
liberação de prazer” ao invés de sexo. “Menstruantes” soa como se fossem exigir
“cilindros de absorção endometrial” para seu “derramamento uterino periódico”.
O léxico de hoje soa mais e mais como alguma distopia
tecnocrática construída sobre a exploração feminina, onde ao invés de uma “mãe”
nós temos um “parente que gera” ou uma incubadora fetal contratada que serve
como “suplente.” Ao invés do moralmente carregado termo “prostituição,” nós temos
o perturbadoramente higienizado “trabalho sexual.” Parece que, em breve, ao
invés de nos referirmos a classe política de “mulheres,” nós teremos apenas
“pessoal com buraco na frente.”
Menstruantes em Nova
Iorque começaram a #TwitteANota celebrando a revogação do imposto do
absorvente – mas alguns ainda são cobrados
.
6) Cis/cisgênero: Essa palavra só é nojenta. Soa como um
tumor.
Mas além de sua fonética desagradável, “cis” é também um
insulto e prejudicial a mulheres. Mulheres que não alegam ter uma “identidade
de gênero” especial são ditas como “cis.” Cis/cisgênero é definido como a
identificação com o “gênero que lhe foi designado ao nascer.” Para mulheres,
isso significa que elas supostamente se identificam com o gênero feminino –
mais conhecido como os opressivos estereótipos que foram tradicionalmente
associados com/impostos ao sexo feminino. Isso é, claro, bobagem. Ao nascer, é
designado um papel de gênero a mulheres sinônimo de sua inferioridade e
subordinação. Mas apenas porque uma mulher não alega ser nada além de uma
mulher, isso não significa que ela “se identifica” com sua subordinação.
Mulheres não estão nessa posição terrível só porque aconteceu de nossa personalidade ser a de cidadãs de
segunda classe.
Palavra do dia:
Cisgênero. Cis é Latim para “neste lado de.” Cisgênero se refere a pessoas que
se identificam com o gênero designado ao nascer.
5) “All genders” (Todos os gêneros): Isso é apenas um código
falsamente progressista para “inclui homens.” Não é sempre uma coisa ruim
incluir homens, mas por favor, vamos parar de fazer rodeios sobre o que
realmente queremos dizer.
Uma marcha para
pessoas de todos os gêneros: Marcha de Mulheres sobre Washington: um guia sobre
o evento social pós-inaugural
#TEARtalk A2.4 Outro
exemplo: Prejudicar um homem porque ele não se encaixa na definição do agressor
do que um “homem” deve ser.
@plainwildcatfan absolutamente!
Violência de gênero não acontece apenas com mulheres. Afeta todos os gêneros. #16dias
#TEARtalk
Nós operamos no Ulowa
Women’s Resource and Action Center, onde todos os gêneros e identidades são
bem-vindos!
Aborígenes de B.C.
reivindicam a inclusão de todos os gêneros em
#investigaçãodemulheresassassinadas
Todos os gêneros devem
estar incluídos no avanço das mulheres
4) Marginalizado: Hoje parece que “marginalização” é usada
como sinônimo de “opressão.” Isso é parte de uma tendência problemática na qual
políticas liberais populares têm distorcido e despolitizado o conceito de
opressão e sua natureza sistêmica, substituindo por “marginalização.” Essa
linguagem nos permite posicionar facilmente “exclusão” e falta de
“visibilidade” como a principal fonte de problemas sociais, ao invés de
opressivos sistemas de poder.
Mais uma vez pra
galera do fundão: exclusão de trans é violência, especialmente quando é
intencional.
Hoje é o primeiro dia
da #SemanadeConscienciaAssexual! Aqui
estão algumas informações para construir visibilidade #assexual.
Ao substituir “opressão” por “marginalização,” pressão
material é colocada em par com ser excluído de conversas sobre opressão material. Essa é a lógica, por exemplo, por trás da
recente resposta negativa contra a investigação do Canadá sobre mulheres
indígenas desaparecidas e assassinadas (#MMIWG) sob alegação de que o foco nas
mulheres “marginaliza” vítimas homens. Similarmente, essa estrutura leva à
noção de que bissexuais (especialmente os em relacionamentos heterossexuais)
são oprimidos mais do que
homossexuais porque não são notados o suficiente (dessa forma marginalizados)
pelo movimento por direitos dos gays e pela sociedade em geral.
“Muito frequentemente,
bissexualidade é marginalizada no mundo em geral, em em comunidades LGBT”
Por essa lógica, populações que aparecem nas margens do que
é normal ou legítimo podem ser consideradas oprimidas.
‘A confluência
kink-poli: interseccionalidade no relacionamento em comunidades marginalizadas’
Em homenagem a uma das
leituras que fizemos essa semana sobre sexualidade marginalizada eu vou me
vestir como me visto para encontros BDSM na sala de aula
Essa linha de pensamento pode ficar super perigosa. Por
exemplo, em sua influente teoria de opressão sexual apresentada em Thinking Sex (Pensando Sexo) (1984), o
filósofo Gayle Rubin identifica pedófilos (“apaixonados por meninos”) como um
dos mais injustiçados grupos marginalizados entre minorias sexuais.
Diferente da opressão, marginalização não é sempre uma coisa
ruim. Alguns grupos devem ser colocados à margem da
comunidade, e suas ações vistas como inaceitáveis. Apesar dos esforços da mídia
atual para promover pedófilos de forma simpática, desculpe, ninguém está
comprando isso! Pedófilos devem ser
marginalizados, estigmatizados e excluídos.
3) Matters (importa): Isso importa, aquilo importa, tudo importa! Felizmente, a tendência de
cooptar com Black Lives Matter e tratar isso como um lema que se copia e cola
para qualquer grupo social – Preencha-a-lacuna importa!” – decaiu, mas a
palavra “importa,” em geral, mantém uma estranha proeminência na linguagem
contemporânea. Na era da internet, definida por sobrecarga de informações,
ninguém quer gastar tempo em algo que não é relevante – por que ler sobre
determinado assunto a não ser que a manchete prometa que será dito “por que
isso importa.”
Nós Explicamos Tudo O
Que Você Deve Saber Sobre A Crise De Refugiados Na Síria – E Por Que Isso
Importa
2) Corpos: Corpos marginalizados, corpos em perigo, corpos
negros e pardos... Parce que todos os progressistas começaram a se referir a
pessoas como se não fossem mais do que “corpos”
Mesmo que ele perca (e
acredito que irá), Donald Trump já cometeu danos incalculáveis a América.
Ele...
@RBReich Mas quando corpos
negros/pardos/femininos/queer salvarem nosso país desse homem doido, não terão
feito nem três vezes menos bem do que ele fez o mal.
Eu acho que ele quis dizer
“pessoas” ali...
Nós podemos sobreviver
sem o apoio do GOP e do partido Democrata. Tais partidos não podem sobreviver
sem o suporte de corpos negros e pardos.
Seriam os corpos usados como vigas de suporte literais?
O silêncio de homens
cis sobre corpos queer sendo assassinados diz muito. O que eles realmente têm a
dizer quando são eles mesmos que nos assassinam?
Eu pensei que eram pessoas
que eram assassinadas para então tornarem-se corpos?
Violência contra e
exclusão de corpos femininos está ligada a violência contra e exclusão de
corpos pobres
Eu nem sabia que corpos poderiam ter a propriedade física de
ser economicamente pobres.
Para corpos Trans e
Queer, Terapia de Massagem É Um Mundo De Dor – Largamente
Espera, como corpos
têm uma orientação como “queer” ou “hétero?”
Esse uso da palavra “corpos” virou moda no discurso
pós-moderno (muito por causa de Michel Foucault) e agora foi filtrado da
academia para pensamentos online. O efeito tem sido objetificar certas
populações ao invés de desafiar a objetificação, como era a intenção... Porque
soa legal!
1) Folks (pessoal, galera): Desde a declaração de Obama “nós
torturamos um pessoal” em 2014, parece que essa palavra explodiu no léxico
liberal. E como Obama torturou, nada
demais, “uma galera,” isso está sendo empregado para normalizar assuntos em
particular ao adicionar uma aparência de familiaridade.
#bicommunitymeans casas
para o pessoal bissexual, panssexual, omnissexual, biafeiçoado, birromântico,
queer, polissexual e todos os outros não-monossexuais
É importante relembrar
– nem todas as pessoas grávidas são mulheres: a galera trans e não binária
também precisa de serviços de aborto.
Durante os debates presidenciais de 2016, muitos sentiram
que os direitos da galera foram negligenciados.
@LesterHoltNBC, #AskAboutAbortion então podemos ouvir qual candidato promove liberdade e qual promove
cadeia para a galera grávida #debates
Nós devemos lutar para dar fim a guerra dos republicanos ao
pessoal
A guerra por direitos
reprodutivos machuca mais pessoas e cor e o pessoal pobre. Legisladores ignoram
a história.
Então aqui está! Deixe-nos saber se você concorda ou se
existem outras palavras para as quais precisamos dar tchau em 2017.
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