quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

10 palavras para aposentar em 2017 - Feminist Current

Título original: 10 words to retire in 2017
Por: Susan Cox
Disponível em: http://bit.ly/2k82fEk
Tradução livre: Laryssa Azevedo

Como incluir menstruantes de todos os gêneros em nossas campanhas de saúde pública sobre menstruação!

É um novo ano e um assustador novo mundo. Nós tivemos que criar novas palavras em 2016 para descrever post-truth*, alt-right*, horrores do Brexit. E mesmo que tenhamos tentado atingir wokeness*, as coisas ainda foram pra o inferno.
Enquanto a conversação coletiva continua em 2017, ainda existem algumas velhas palavras e frases comumente usadas por progressistas que, a essa altura, estão causando mais mal do que bem. Aqui estão os 10 piores:

10) Full stop (ponto final): Isso é usado para preventivamente mandar as pessoas “calarem a boca” e basicamente significa, “Eu não consigo defender minha posição, então é melhor você não me perguntar mais nada sobre isso!”
Trabalho sexual não é universalmente explorador. Ponto final.


Eu realmente não dou a mínima de não ter ~humor barato~ envolvido. Um cara cis interpretando uma mulher trans é inerentemente violento. Ponto final.

LEGALIZE O TRABALHO SEXUAL. AGORA. FAÇA ISSO. PONTO FINAL.

9) Policing (patrulhando): Taaaantos novos tipos de “patrulha” foram inventados em anos recentes: “Patrulha da identidade”, “patrulha do corpo,” “patrulha do tom”... Esse uso da palavra coloca pessoas normais que criticam, analisam, ou “julgam” fenômenos sociais ou sistemas de poder (como feministas) em par com uma classe fortemente armada de soldados domésticos com o dever de manter a sociedade em ordem. Que sutil.

@gpdlondon @RealLucasNeff @caitlinstasey Vocês são novos nesse debate. Eduquem-se ou façam perguntas antes de falar besteira.
@MeghanEMurphy @RealLucasNeff @caitlinstasey e onde alguém pode obter um diploma em patrulhar as escolhas das trabalhadoras sexuais?

@sunshinessp411 @Dream_Brother_ @MeghanEMurphy Sou ateísta.
@JeanHatchet @Dream_Brother_ @MeghanEMurphy mulheres patrulhando corpos de outras mulheres não são #feministas

@FAIR4CA Você está na pornografia? Ou você apenas gosta de patrulhar moralmente outros corpos? Trabalho Sexual é discriminado na sociedade por causa de grupos como o seu
Não há nada de errado com fazer ou gostar de pornô com estupro. Parem de patrulhar a arte e parem de patrulhar nossos PENSAMENTOS #Kink #Fetiche

8) This (Isso): “Tão isso.” Sem ressentimentos, isso só realmente não adiciona nada na conversa...

7) Menstruators (Menstruantes): Essa palavra me lembra daquela ideia geral da ficção científica de que, no futuro, nós veremos que a linguagem cotidiana foi substituída por termos técnicos higienizados que parecem brutalmente utilitários. Como a “solução de cafeína” em Admirável Mundo Novo  de Huxley que substituía chá e café. Ou a desumana “ectogênese” que substituía o papel das mulheres na reprodução.
Em Sci-Fi, pessoas do futuro estão propensas a ter coisas como “tubos de indução de nutrientes” ao invés de comida ou “válvulas de liberação de prazer” ao invés de sexo. “Menstruantes” soa como se fossem exigir “cilindros de absorção endometrial” para seu “derramamento uterino periódico”.
O léxico de hoje soa mais e mais como alguma distopia tecnocrática construída sobre a exploração feminina, onde ao invés de uma “mãe” nós temos um “parente que gera” ou uma incubadora fetal contratada que serve como “suplente.” Ao invés do moralmente carregado termo “prostituição,” nós temos o perturbadoramente higienizado “trabalho sexual.” Parece que, em breve, ao invés de nos referirmos a classe política de “mulheres,” nós teremos apenas “pessoal com buraco na frente.”

Menstruantes em Nova Iorque começaram a #TwitteANota celebrando a revogação do imposto do absorvente – mas alguns ainda são cobrados
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6) Cis/cisgênero: Essa palavra só é nojenta. Soa como um tumor.
Mas além de sua fonética desagradável, “cis” é também um insulto e prejudicial a mulheres. Mulheres que não alegam ter uma “identidade de gênero” especial são ditas como “cis.” Cis/cisgênero é definido como a identificação com o “gênero que lhe foi designado ao nascer.” Para mulheres, isso significa que elas supostamente se identificam com o gênero feminino – mais conhecido como os opressivos estereótipos que foram tradicionalmente associados com/impostos ao sexo feminino. Isso é, claro, bobagem. Ao nascer, é designado um papel de gênero a mulheres sinônimo de sua inferioridade e subordinação. Mas apenas porque uma mulher não alega ser nada além de uma mulher, isso não significa que ela “se identifica” com sua subordinação. Mulheres não estão nessa posição terrível só porque aconteceu de nossa personalidade ser a de cidadãs de segunda classe.
Palavra do dia: Cisgênero. Cis é Latim para “neste lado de.” Cisgênero se refere a pessoas que se identificam com o gênero designado ao nascer.

5) “All genders” (Todos os gêneros): Isso é apenas um código falsamente progressista para “inclui homens.” Não é sempre uma coisa ruim incluir homens, mas por favor, vamos parar de fazer rodeios sobre o que realmente queremos dizer.

Uma marcha para pessoas de todos os gêneros: Marcha de Mulheres sobre Washington: um guia sobre o evento social pós-inaugural
#TEARtalk A2.4 Outro exemplo: Prejudicar um homem porque ele não se encaixa na definição do agressor do que um “homem” deve ser.
@plainwildcatfan absolutamente! Violência de gênero não acontece apenas com mulheres. Afeta todos os gêneros. #16dias #TEARtalk
Nós operamos no Ulowa Women’s Resource and Action Center, onde todos os gêneros e identidades são bem-vindos!
Aborígenes de B.C. reivindicam a inclusão de todos os gêneros em  #investigaçãodemulheresassassinadas
Todos os gêneros devem estar incluídos no avanço das mulheres

4) Marginalizado: Hoje parece que “marginalização” é usada como sinônimo de “opressão.” Isso é parte de uma tendência problemática na qual políticas liberais populares têm distorcido e despolitizado o conceito de opressão e sua natureza sistêmica, substituindo por “marginalização.” Essa linguagem nos permite posicionar facilmente “exclusão” e falta de “visibilidade” como a principal fonte de problemas sociais, ao invés de opressivos sistemas de poder.
Mais uma vez pra galera do fundão: exclusão de trans é violência, especialmente quando é intencional.

Hoje é o primeiro dia da #SemanadeConscienciaAssexual! Aqui estão algumas informações para construir visibilidade #assexual.

Ao substituir “opressão” por “marginalização,” pressão material é colocada em par com ser excluído de conversas sobre opressão material. Essa é a lógica, por exemplo, por trás da recente resposta negativa contra a investigação do Canadá sobre mulheres indígenas desaparecidas e assassinadas (#MMIWG) sob alegação de que o foco nas mulheres “marginaliza” vítimas homens. Similarmente, essa estrutura leva à noção de que bissexuais (especialmente os em relacionamentos heterossexuais) são oprimidos mais do que homossexuais porque não são notados o suficiente (dessa forma marginalizados) pelo movimento por direitos dos gays e pela sociedade em geral.

“Muito frequentemente, bissexualidade é marginalizada no mundo em geral, em em comunidades LGBT”

Por essa lógica, populações que aparecem nas margens do que é normal ou legítimo podem ser consideradas oprimidas.
‘A confluência kink-poli: interseccionalidade no relacionamento em comunidades marginalizadas’
Em homenagem a uma das leituras que fizemos essa semana sobre sexualidade marginalizada eu vou me vestir como me visto para encontros BDSM na sala de aula

Essa linha de pensamento pode ficar super perigosa. Por exemplo, em sua influente teoria de opressão sexual apresentada em  Thinking Sex (Pensando Sexo) (1984), o filósofo Gayle Rubin identifica pedófilos (“apaixonados por meninos”) como um dos mais injustiçados grupos marginalizados entre minorias sexuais.
Diferente da opressão, marginalização não é sempre uma coisa ruim. Alguns grupos devem ser colocados à margem da comunidade, e suas ações vistas como inaceitáveis. Apesar dos esforços da mídia atual para promover pedófilos de forma simpática, desculpe, ninguém está comprando isso! Pedófilos devem ser marginalizados, estigmatizados e excluídos.

3) Matters (importa): Isso importa, aquilo importa, tudo importa! Felizmente, a tendência de cooptar com Black Lives Matter e tratar isso como um lema que se copia e cola para qualquer grupo social – Preencha-a-lacuna importa!” – decaiu, mas a palavra “importa,” em geral, mantém uma estranha proeminência na linguagem contemporânea. Na era da internet, definida por sobrecarga de informações, ninguém quer gastar tempo em algo que não é relevante – por que ler sobre determinado assunto a não ser que a manchete prometa que será dito “por que isso importa.”
Nós Explicamos Tudo O Que Você Deve Saber Sobre A Crise De Refugiados Na Síria – E Por Que Isso Importa

2) Corpos: Corpos marginalizados, corpos em perigo, corpos negros e pardos... Parce que todos os progressistas começaram a se referir a pessoas como se não fossem mais do que “corpos”
Mesmo que ele perca (e acredito que irá), Donald Trump já cometeu danos incalculáveis a América. Ele...
@RBReich Mas quando corpos negros/pardos/femininos/queer salvarem nosso país desse homem doido, não terão feito nem três vezes menos bem do que ele fez o mal.

 Eu acho que ele quis dizer “pessoas” ali...
Nós podemos sobreviver sem o apoio do GOP e do partido Democrata. Tais partidos não podem sobreviver sem o suporte de corpos negros e pardos.

Seriam os corpos usados como vigas de suporte literais?
O silêncio de homens cis sobre corpos queer sendo assassinados diz muito. O que eles realmente têm a dizer quando são eles mesmos que nos assassinam?

Eu pensei que eram pessoas  que eram assassinadas para então tornarem-se corpos?
Violência contra e exclusão de corpos femininos está ligada a violência contra e exclusão de corpos pobres

Eu nem sabia que corpos poderiam ter a propriedade física de ser economicamente pobres.
Para corpos Trans e Queer, Terapia de Massagem É Um Mundo De Dor – Largamente

Espera, como corpos têm uma orientação como “queer” ou “hétero?”

Esse uso da palavra “corpos” virou moda no discurso pós-moderno (muito por causa de Michel Foucault) e agora foi filtrado da academia para pensamentos online. O efeito tem sido objetificar certas populações ao invés de desafiar a objetificação, como era a intenção... Porque soa legal!

1) Folks (pessoal, galera): Desde a declaração de Obama “nós torturamos um pessoal” em 2014, parece que essa palavra explodiu no léxico liberal. E como Obama torturou, nada demais, “uma galera,” isso está sendo empregado para normalizar assuntos em particular ao adicionar uma aparência de familiaridade.
#bicommunitymeans casas para o pessoal bissexual, panssexual, omnissexual, biafeiçoado, birromântico, queer, polissexual e todos os outros não-monossexuais

É importante relembrar – nem todas as pessoas grávidas são mulheres: a galera trans e não binária também precisa de serviços de aborto.

Durante os debates presidenciais de 2016, muitos sentiram que os direitos da galera foram negligenciados.
@LesterHoltNBC, #AskAboutAbortion então podemos ouvir qual candidato promove liberdade e qual promove cadeia para a galera grávida #debates

Nós devemos lutar para dar fim a guerra dos republicanos ao pessoal
A guerra por direitos reprodutivos machuca mais pessoas e cor e o pessoal pobre. Legisladores ignoram a história.

Então aqui está! Deixe-nos saber se você concorda ou se existem outras palavras para as quais precisamos dar tchau em 2017.


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