A VIRADA CULTURAL
O fortalecimento do feminismo liberal é só um aspecto
da agitação na maneira com a qual se podia falar em opressão que ganhou espaço
nos anos 80 e 90. Uma mudança se fez na academia também. O movimento em direção
à ênfase na capacidade de escolha e agência das mulheres sobre formas de
coerção que causavam o envolvimento feminino em práticas de beleza é um aspecto
do controle pós-moderno sobre o pensamento de esquerda que Frederic Jameson
chamou “a virada cultural” (Jameson, 1998). O pensamento pós-moderno rejeita a
noção de que existe algo como uma classe dominante que pode criar ideias
dominantes. Teóricos do marxismo cultural que rejeitaram o pós-modernismo, como
Frederic Jameson e Terry Eagleton, explicam que esse conjunto de ideias emergiu
para servir a um estágio particular da história do capitalismo. Eagleton, por
exemplo, argumenta que o pós-modernismo se enraizou em resposta a uma falha
percebida da esquerda, e a morte, entre vários de seus membros, de qualquer
ideia de revolução ou mudança social séria (Eagleton, 1996). Eagleton convida
seus leitores a imaginar que um movimento político sofreu uma derrota
histórica:
A suposição governante de tal época, alguém pode imaginar, seria que o sistema em si fosse intransponível... daí surgiria um interesse nas margens e brechas do sistema... O sistema não poderia ser superado; mas poderia ao menos ser momentaneamente transgredido... Fascinado pelas falhas, alguém poderia até mesmo pensar que não há um núcleo social afinal de contas.
(Eagleton, 1996, p. 2)
Em particular o controle do
pós-modernismo sobre o pensamento crítico significou o descarte da noção de
ideologia porque essa noção implica que existam coisas como agentes ou
interesses responsáveis pela opressão. A teórica feminista radical australiana
Denise Thompson argumentou poderosamente para manter o conceito de
ideologia para a teoria feminista. Ela responde o que considera ser
mistificação pós-moderna assim: “abandonar os conceitos de ‘agentes e
interesses’ é abandonar política. Se não existem ‘agentes’, não existem autores
e beneficiários das relações de dominação, e ninguém cuja agência humana é
bloqueada por interesses poderosos” (Thompson, 2001, p. 23). Thompson critica o
efeito que esse abandono do conceito de ideologia exerce sobre a teorização
feminista da cultura popular. Uma compreensão importante de teóricos culturais
pós-modernos é que há pouco a escolher entre baixa e alta cultura, de forma que
as novelas e algumas vezes os filmes pornográficos acabam sendo vistos em pé de
igualdade de valor com outros produtos culturais. Essa crença está atrelada à
noção de que os consumidores dessa cultura popular são bem informados e sábios
imbuídos de agência e escolha, podendo selecionar e rejeitar entre a miscelânea
de ofertas em interesse próprio. Thompson mostra o problema dessa tendência no
trabalho de Michele Barrett, uma teórica feminista socialista britânica,
segundo a qual o socialismo tem sido ultrapassado pelo pós-modernismo. Barrett
critica teóricas feministas por se referirem a “fenômenos culturais como
novelas, ficção de realeza ou romântica” como representantes de uma ideologia
subordinadora para mulheres porque, como Barrett diz, esta ignora o “entusiasmo
apaixonado de muitas mulheres para os produtos nos quais elas são tidas como
vítimas” (citado em Thompson, 2001, p. 24).
Beleza e Misoginia pode se encaixar bem nesses
escritos feministas que estão sendo criticados porque eu estou argumentando
aqui que ideologias de beleza e moda como as que circularam na cultura popular
subordinam as mulheres, independente do quão apaixonadamente essas mulheres
possam aderir a eles e cortar seus corpos em resposta. Na verdade, como
Thompson diz, “entusiasmo apaixonado é a forma com que a ideologia deve operar se quiser operar” (2001, p.
24). Thompson sugere que o “único critério para julgar se algo é ideológico é
se reforça ou não relações de poder” (p. 25). Testar o reforço das relações de poder é útil para a análise práticas de beleza como
maquiagem, moda e labioplastia que são examinadas neste livro.
A “virada cultural” entrou na disciplina de estudos
das mulheres também. Ideias pós-modernas tornaram-se dominantes na maneira pela
qual a opressão e a sexualidade das mulheres puderam ser pensadas e descritas
na academia. A tomada de controle das compreensões pós-modernas, combinada ao
declínio da força do feminismo e outros movimentos sociais por mudança radical,
enfraqueceu a crítica feminista à beleza. A ênfase no trabalho de algumas
pesquisas feministas mudou de examinar como as práticas de beleza atuam na
opressão e nos danos a mulheres para a questão de como as mulheres podem
aproveitar essas práticas e ser empoderadas por elas. (Davis, 1995; Frost,
1999).
Algumas pesquisadoras feministas consideraram as
ideias de um teórico “pós-moderno”, Foucault, úteis para abordar as
complexidades da construção das “subjetividades” feminimas ou compreensões
delas mesmas. Tanto Susan Bordo (1993) quanto Sandra Bartky (1990) usam
abordagens Foucaultianas para explicar a forma pela qual mulheres são sujeitas
ao regime da beleza na medida em que se envolvem em auto-policiamento.
Entretanto, como Bordo aponta, o problema com a adoção de ideias pós-modernas
em geral é que elas levam alguns escritores a desconsiderar a materialidade de
relações de poder. Bordo identifica os exageros e adaptações de Foucault que
ela considera “deturpação” inútil, porque elas tornam difícil que muitas
pensadoras feministas identifiquem as ações das mulheres no contexto das
relações de poder. Ela diz sobre “subjetividade pós-moderna libertada” que,
“Essa abstrata, deslocada, desencarnada liberdade... celebra a si mesma apenas
através do enfrentamento da práxis material das vidas das pessoas, do poder
normalizador de imagens culturais, e da triste continuidade social da realidade
da dominância e subordinação” (Bordo, 1993, p. 129). Ela sugere que teóricos
dos estudos culturais pós-modernos podem ter sido capturados pelo zeitgeist dos próprios programas de
entrevistas da televisão que podem ser objetos de sua análise. A trivialidade e
superficialidade de tais formas culturais têm sido absorvidas pela crítica
cultural e substancialmente desradicalizaram sua análise:
Todos os elementos do que eu aqui chamei euforia da “conversação pós-moderna” com a escolha individual e prazer criativo são satisfeitos com o tempero da particularidade e da desconfiança do padrão e da aparente coerência, celebração da “diferença” junto com uma ausência da perspectiva crítica diferenciando e pesando “diferenças,”... tornaram-se reconhecíveis e familiares elementos de muito do discurso intelectual contemporâneo.
(Bordo, 1993, p. 117)
Ela critica um “pós-modernismo acadêmico comemorativo”
que tornou “muito ultrapassado – e ‘totalitário’ – falar sobre o controle da
cultura sobre o corpo” (Bordo, 1993, p. 117). Os “totalizadores” são vistos
como quem representa “sujeitos ativos e criativos como ‘massa de manobra,’
‘tolos passivos’ da ideologia” e como quem enxerga a ideologia dominante como
“coerente e inequívoca, ignorando tanto suas brechas que estão continuamente
permitindo a erupção da ‘diferença’ quanto a polissêmica, instável e aberta
natureza de todos os textos culturais” (Bordo, 1993, p. 117).
O efeito da virada cultural nas ideias feministas
sobre beleza tem três faces: As mulheres são vistas como tendo escolha e
agência em relação a práticas de beleza, ou mesmo empoderadas por elas.
Mulheres são representadas como tendo o poder de “brincar” com práticas de
beleza porque ao invés de opressivas elas podem agora ser interpretadas como
divertidas. Revistas de moda e cultura popular são reintepretadas como
fascinantes recursos a partir dos quais meninas e mulheres podem ser inspiradas
e criativas ao invés de exercerem papel no reforço da ideologia dominante.
O trabalho de Kathy Davis é um bom exemplo de como a
uma teórica feminista influenciada pela virada cultural aplica o assunto com a
demonstração da agência feminina em práticas de beleza (Davis, 1995). Ela
pesquisou os motivos pelos quais mulheres se submeteram a cirurgia de aumento
de seios na Holanda, e explica que está determinada a não representar suas
entrevistadas como “massa de manobra” que simplesmente assimilaram as mensagens
negativas da cultura da beleza sobre a inferioridade do corpo feminino. Ela diz
que a cirurgia é “uma intervenção na identidade” que pode permitir uma mulher a
“abrir a possibilidade de renegociar sua relação com o próprio corpo e
construir um diferente senso de si” (Davis, 1995, p. 27). Davis diz que a
cirurgia cosmética nos seios “tira o poder” do “aprisionamento da objetificação”.
Ela pode “fornecer uma via na direção da qual pode-se tornar um sujeito com um
corpo ao invés de um corpo objetificado” (1995, p. 113). No final de seu livro,
Davis leva a noção do respeito à agência das mulheres a novos extremos ao
argumentar que a cirurgia cosmética é um meio par atingir moral e só tem
resultado em mulheres, “Cirurgia cosmética é sobre moralidade. Para uma mulher
cujo sofrimento foi além de um certo ponto, a cirurgia cosmética pode se tornar
uma questão de justiça – a única coisa justa a se fazer” (1995, p. 163).
Liz Frost é um expoente dessa abordagem em relação a
maquiagem. Ela descreve a atividade de “montar looks” como algo “que não pode
ser evitado” (Frost, 1999, p. 134); isto
é, natural e inevitável. Ela não vê a necessidade de “montar looks” como
ideológica ou a serviço da dominância masculina. Ela zomba de teóricas
feministas por serem críticas à prática, fazendo mulheres se sentirem culpadas
e ambivalentes. Tal negatividade, ela argumenta, está alinhada à religião do
patriarcado que diz que as mulheres não podem ser vaidosas. Ela vê “montar
looks” como uma fonte de prazer para mulheres bem como de empoderamento. Ela
usa conceitos pós-modernos para argumentar que “montar looks” é de vital necessidade para mulheres:
Para que mulheres se sintam poderosas e no controle, para sentir um senso de agência e competência (o que, eu diria, é essencial para a saúde mental), montar looks não pode mais ser visto como um opcional extra, mas como um processo de identificação central que pode oferecer significados como prazer, expressão criativa e satisfação fazendo com que mulheres possam se apropriar de um espaço discursivo para contradizer os discursos silenciadores de vaidade, anormalidade, superficialidade e não pertencimento.
(Frost, 1999, p. 134)
Para Frost a crítica feminista a práticas de beleza
atrapalha a prazerosa agência feminina em usar batom.
A ideia de que a beleza feminina e as práticas de moda
podem ser divertidas ao invés de opressivas deve algo às ideias de Judith
Butler sobre “performatividade”. Butler argumenta em Gender Trouble (Problemas de Gênero) (1990) que o gênero é
socialmente construído através da realização diária de rituais que o
constituem, “Gênero é a repetida estilização do corpo, um conjunto de atos
repetidos sob uma estrutura altamente reguladora solidificada ao longo do tempo
para produzir a aparência de substância, de existência natural” (1990, p. 33).
A ideia de que o gênero é socialmente construído não é nova para o feminismo, sendo
fundamental para a compreensão feminista. Muito do entusiasmo associado a seu
trabalho vem da forma com que foi interpretado por teóricos queer e ativistas
ao dizer que a performance do gênero por atores além dos usuais, como em drag por exemplo, é uma tática
revolucionária porque demonstra o fato de que o gênero é socialmente
construído. Seu trabalho tem sido inspiração para todo o projeto cultural queer de brincar com e trocar papéis de
gênero entre atores que enxergam a si mesmos como agentes de trabalho político
quando usam os aparatos de um gênero em um corpo usualmente associado ao
oposto. Butler argumentou que essa interpretação de seu trabalho – que gênero
pode estar sujeito à escolha individual – é incorreta. Em resposta ela escreveu
Bodies that Matter (Corpos que
importam) (1993), argumentando que a performance de gênero é na verdade o
resultado de coerção e não está aberta a fácil manipulação,
Se gênero não é um artifício a ser adotado ou descartado de qualquer jeito e, dessa forma, não é um efeito de escolha, como podemos compreender o constitutivo e compulsório status das normas de gênero sem cair na armadilha do determinismo cultural?
(Butler, 1993, p. x)
Apesar de Butler argumentar que foi mal intepretada, é
precisamente essa aparente má interpretação que foi adotada por teóricos queer para argumentar que drag, troca de gênero, transgeneridade e
até mesmo sadomasoquismo, podem ser formas revolucionárias de brincar com
gênero e dessa forma dificultam a teorização de feministas sobre as práticas de
beleza de forma séria.
O trabalho de Ruth Holliday sobre moda é um exemplo dessa
abordagem despreocupada da teoria queer.
Em um trabalho intitulado “Fashioning the
Queer Self” ela argumenta que:
A moda pós-moderna coloca aspas em volta das roupas que revitaliza, permitindo que sejam relidas em um espaço de distância irônica entre quem veste e o traje. Isso abre um espaço para “brincar” com a moda que é a antítese de ser vítima dela, e dessa forma os argumentos feministas sobre a regulação dos corpos femininos através da moda declinam em importância.
(Holliday, 2001, p. 218)
Nem todos podem notar as aspas, entretanto, quando veem
as mesmas velhas diferenças de gênero nas roupas apesar do fato de que os
jogadores as “revitalizaram” através da inspiração pós-moderna.
O trabalho de Angela McRobbie (1997) é um exemplo de
outro produto da “virada cultural”, a ideia de que a cultura popular não deve
ser vista como ideológica mas como algo que apresenta recursos úteis para a
criatividade e agência das mulheres. McRobbie é da escola de estudos da cultura
pós-moderna que tenta ser incansavelmente positiva sobre a relação de mulheres
e meninas com a cultura e argumenta que mulheres não são “massa de manobra” mas
trabalha o conteúdo da moda e das revistas de moda, interpretando o que poderia
ser visto como mensagens da cultura patriarcal em formas empoderadoras,
criativas e diversas. Além disso, ela argumenta, revistas de jovens mulheres
estão na verdade envolvidas com práticas pós-modernas tais como “paródia” e “reprodução”
e “ironia” e “os leitores entendem a piada” (McRobbie, 1997). Jovens garotas
lendo More e 19 não estão apenas internalizando os roteiros patriarcais nas
revistas mas usando-os criativamente.
Essas revistas para jovens mulheres contém quantidades
crescentes de conteúdo sexual, instruções para jovens mulheres sobre o que
fazer no sexo e como lidar com problemas sexuais. Esse conteúdo sexual
distingue essas revistas contemporâneas das de décadas passadas. McRobbie chama
isso de “novas sexualidades em revistas de meninas e mulheres” (1997). Ela
escreve sobre como as meninas gostam desse conteúdo sexual porque elas tem “identidades
sexuais de busca por prazer” (1997, p. 200). Ela diz que feministas estão
erradas em desprezar essas revistas porque tantas centenas de milhares de
jovens meninas gostam delas, e argumenta que as revistas tem “trazido o
feminismo à bordo” (1997, p. 207) e então feministas não podem condená-las de
cara. Ela conclui um artigo sobre essas “novas sexualidades” adotando a linha
pós-moderna que não existe algo como a verdade, e as feministas precisam
aceitar que “Talvez é apenas estando disposto a deixar pra lá e abdicando desse
poder sobre a verdade, que o feminismo adquire um importante lugar nas revistas”
(McRobbie, 1997, p. 208). Feminismo pode significar qualquer coisa, desde que
consigamos ler ironia, paródia e representação no que poderia de outra forma
parecer uma ideologia patriarcal comum.
Infelizmente a pesquisa de cientistas sociais
feministas sobre o que está realmente acontecendo com jovens mulheres e meninas
em relações heterossexuais não dá suporte ao exaltado entusiasmo dos
incansavelmente positivos estudos culturais pós-modernos. Os modernos,
pós-marxistas estudos culturais do presente podem ficar entediados pela atenção
à realidade material que diz respeito aos cientistas sociais, mas a pesquisa
sobre a experiência de meninas sugere que eles estão longe da “busca pelo
prazer” e certamente não são empoderadas. Elas são controladas em suas relações
com meninos pelo “homem na cabeça” (Holland, et al., 1998). A pesquisa de Lynn Phillips sobre mulheres jovens e
heterossexuais concluiu que elas estavam tendo que aprender a separar a mente e
o corpo para permanecerem em controle de seus encontros sexuais e fazendo sexo
como uma performance para o prazer sexual masculino ao invés de satisfazerem
desejos próprios. (Phillips, 2000).
Phillips concluiu que experiências sexuais violentas
eram comuns entre mulheres jovens que ela entrevistou no final dos anos 90. Na
verdade, 27 das 30 mulheres “descreveram pelo menos um encontro que preenche as
definições legais de estupro, agressão ou assédio” (2000, p. 7). Mas, apesar do
fato de que muitas estavam em cursos de estudos de mulheres e apesar do
trabalho de feministas por 20 anos desafiando o estupro e tentando tornar
possível para mulheres reconhecer e desafiar a violência contra elas, “apenas
duas mulheres usaram tais termos para descrever experiência pessoal” (Phillips,
2000, p. 7). Uma razão, ela sugere, é que jovens mulheres hoje em dia foram criadas
para acreditar em seu próprio poder e agência, precisamente aquela que a teoria
dominante de estudos culturais atribui a elas, e isso dificulta o
reconhecimento do estupro:
Embora estudiosas feministas possam falar de dominação masculina e vitimização feminina como um fenômeno óbvio, mulheres mais jovens, criadas para acreditar em sua própria independência, invulnerabilidade e no sexo como um direito conquistado, podem não adotar tão prontamente tais conceitos, mesmo que elas tenham sido estupradas, assediadas e agredidas por homens.
(Phillips, 2000, pp. 10-11)
Liz Frost, a escritora que vimos anteriormente
declarando que “montar looks” era um “processo de identificação central”
positivo para mulheres, em outro trabalho forneceu boas evidências do motivo
pelo qual mulheres “montam looks” que se relaciona claramente com opressão. Em
um livro sobre a relação de jovens garotas com seus corpos, ela argumenta que
pode-se dizer que jovens mulheres no ocidente sofrem de “ódio ao corpo” (Frost,
2001, p. 2). Ela aponta que apesar de ser esperado que as mulheres que estejam
perdendo a habilidade de representar o ideal de beleza feminina através da
idade possam ser mais vulneráveis ao ódio ao corpo, são na verdade as mais
jovens que sofrem mais. Ela diz que os corpos das mulheres são “inferiorizados –
estigmatizados... em uma abrangente ideologia patriarcal. Por exemplo,
biologicamente e psicologicamente, os corpos das mulheres são vistos como tanto
desprezíveis em seu estado natural quanto inferiores aos corpos masculinos”
(2007, p. 141). O ódio ao corpo é manifestado em autoflagelação e esse dano
está se tornando mais e mais sério tanto em jovens mulheres quanto em jovens
lésbicas e homens gays. Uma das entrevistadas de Frost, quando perguntada “Existe
alguma jovem mulher que esteja feliz com o corpo?” respondeu, “Bem, se existe,
eu não conheço!” (2001, p.154). Bullying,
nos relatos das jovens mulheres, exerceu um grande papel criando as agoniantes
relações que elas tinham com seus corpos. A humilhação constante de meninas
devido à aparência por parte de seus colegas de escola parece ser um
elemento na criação do ódio ao corpo. Uma entrevistada explica que isso leva a
meninas meticulosamente tentando melhorar suas aparências com práticas de
beleza como maquiagem. Essa “montagem de looks” que Frost celebra pode ser
vista, apesar de ela não fazer essa conexão, como uma forma de amenizar a
vergonha e o desespero que uma cultura dominada por homens cria em mulheres. A
cultura em que jovens mulheres ocidentais crescem não é tão diversa e aberta a
brincadeiras como alguns estudiosos e teóricos queer sugerem.
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